Desde 2008 o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a doença que mais mata no Brasil – são cerca de 100 mil mortes por ano. A doença é séria, grave e merece muita atenção, já que existem alternativas preventivas capazes de ajudar a reduzir este número lastimável.
Esses e outros dados relacionados ao AVC foram divulgados pelo neurologista vascular Alexandre Pieri, responsável pelo ambulatório de AVC da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, em palestra patrocinada pela Boehringer Ingelheim, realizada no dia 9 de agosto, em São Paulo.
Segundo o médico, a cada 12 segundos alguém sofre um AVC no mundo. O médico lamenta a falta de conscientização no País e menciona que nos Estados Unidos as campanhas, objetivando a redução dos casos de AVC, são amplamente divulgadas. Além de Pieri, participaram do evento, que abordou a prevenção e os novos tratamentos do AVC, o eletrofisiologista Dalmo Moreira e a cardiologista Luciana Giagrande.
Os tipos
São dois os tipos de AVC, sendo o isquêmico o mais comum e que corresponde a pelo menos 85% dos casos. O neurologista explica que este tipo de AVC ocorre por causa da obstrução de uma artéria na região cerebral, ocasionando falta de fluxo sanguíneo cerebral e de pós-nutrientes. Neste caso, aquela área do cérebro começa ‘a morrer’, o que impede a pessoa de realizar determinados movimentos que, até então, eram controlados pela parte afetada.
Já o AVC hemorrágico, que corresponde a 15% dos casos, ocorre quando há um rompimento da parede da artéria, resultando em sangramento dentro ou ao redor do cérebro.
Alguns subtipos causadores do AVC isquêmico, segundo Pieri, são poucos divulgados, o que contribui para a falta de prevenção. É o caso da chamada cardioembolia (embolia de causa cardíaca), cujo principal motivador é a fibrilação atrial.
“É quando se forma um coágulo ou um trombo, e esse coágulo vai se desprender do coração, cair na circulação e obstruir um vaso”, explica.
Novo anticoagulante reduz 75% o risco de AVC
Um em cada seis casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) ocorre em função da fibrilação atrial (arritmia cardíaca), que aumenta em cinco vezes as chances de a pessoa sofrer um AVC. Em pacientes acima de 60 anos, diz o neurologista Alexandre Pieri, 1/3 das causas estão relacionadas à fibrilação atrial.
O eletrofisiologista Dalmo Moreira informa que a fibrilação acomete quase 1% da população brasileira, algo em torno de 1,5 milhão de pessoas. Ainda segundo ele, o risco cresce com a idade. Um em cada dez indivíduos acima de 80 anos tem fibrilação atrial e 25% da população mundial terá o problema, após os 90 anos.
Medicamentos
A boa notícia é que existem alternativas terapêuticas anticoagulantes que podem evitar a fibrilação atrial e, consequentemente, também auxiliar na redução dos casos de AVCs isquêmicos.
Um dos coagulantes conhecido do mercado é a Varfarina, que, entretanto, tem como pontos negativos a necessidade constante de observação médica, a realização de exames de sangue para a observação da coagulação do sangue e ainda o conflito do medicamento com determinados tipos de alimentos ricos em vitamina K, encontrada facilmente nos alimentos verdes.
Mais eficaz
O Pradaxa®, um novo medicamento da Boehringer Ingelheim, lançado no mês de agosto, é uma nova alternativa terapêutica no combate ao AVC causado por fibrilação atrial. Segundo a cardiologista Luciana Giagrande, foram 14 anos de estudos com a molécula Pradaxa, medicamento que foi testado em mais de 18 mil pessoas, de 151 centros em 54 países, incluindo o Brasil.
Ela explica que o medicamento já vinha sendo comercializado há dois anos, só que receitado para o combate da trombose venosa profunda. Em maio deste ano, a Anvisa autorizou a comercialização do remédio para o tratamento preventivo do AVC. O único efeito colateral até agora verificado são desconfortos intestinais.
Conforme explica a cardiologista, estudos comprovaram que a eficácia do Pradaxa® é 35% maior do que se comparado ao outro já mencionado. O medicamento ainda reduz em 75% o risco de AVC, quando comparado a pessoas que nunca fizeram qualquer tipo de tratamento preventivo.
Preço
A assessoria de imprensa do laboratório informou que o Pradaxa® deve chegar às farmácias com preço mínimo de R$ 165 e máximo de R$ 254/mês, dependendo do desconto que o estabelecimento vai oferecer aos clientes.
O que leva ao AVC?
Fator de risco não-modificável: A idade. A cada década, após os 55 anos de idade, o risco de ter um AVC dobra. Estima-se que em 2050, só no Brasil, serão mais de 16 milhões de pessoas com mais de 80 anos. Dados do Hospital Albert Einsten indicam que após os 80 anos os casos de AVC são bem mais comuns em mulheres.
Fatores de risco modificáveis: Pressão alta, diabetes, colesterol alto, obesidade, etilismo, tabagismo (quem fuma tem 600% a mais de chance de ter um AVC) e sedentarismo.
*O repórter viajou para São Paulo a convite da Boehringer Ingelheim. Reportagem também publicada no caderno Saúde do Diário de Maringá.
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