Da Redação
Agência Pará de Notícias
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Há seis anos, Maik Daniel Ramos de Oliveira aguardava por um transplante de córnea, que só era realizado no Pará, até recentemente, no Hospital Ophir Loyola. Há duas semanas, o Hospital Bettina Ferro de Souza, da Universidade Federal do Pará, passou a realizar o procedimento, acabando com a longa espera de Daniel. “Agradeço a Deus, porque é realmente uma graça alcançada ter realizado o transplante. Estou imensamente feliz”, declarou ele, que se tornou o primeiro paciente do Bettina Ferro a recuperar a visão após receber uma córnea, graças à parceria firmada pelo hospital com a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO), vinculada à Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
Para Daniel Ramos de Oliveira, é importante o Pará ter mais hospitais habilitados para a realização de transplantes. “O governo está de parabéns, porque vem investindo na área de saúde e proporcionando mais uma opção de hospital para o transplante de córnea. Apenas as pessoas que aguardam por uma doação de órgão sabem da importância de ações como esta”, enfatizou.
Na avaliação do médico André Luiz Rodrigues, coordenador da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos, os avanços nessa área também se devem aos atuais investimentos na capacitação de profissionais e na melhoria da estrutura hospitalar.
Hoje, apenas no Pará mais de 1,4 mil pessoas aguardam pela doação de um órgão. Até 4 de outubro deste ano, a Central de Notificação havia registrado 144 notificações de possibilidade de doação, sendo 83 por morte encefálica e 61 por parada cardiorrespiratória. Porém, 35 famílias do total de notificações não autorizaram a doação dos órgãos de parentes falecidos.
Segundo André Luiz Rodrigues, dois fatores contribuem para esse elevado índice de negação dos órgãos (cerca de 30% das notificações). O primeiro é a conscientização da morte do paciente pela família, e o segundo é o apego familiar. “Temos que ter conhecimento sobre o assunto e saber da importância da doação dos órgãos para tantas pessoas que aguardam um transplante, e que a decisão de doar ou não pode representar uma nova vida para outras pessoas”, acentuou.
Oportunidade - Após três anos aguardando pela doação de um rim, Neide Cunha, 54 anos, teve a oportunidade de realizar o transplante em Belém. “Sou uma felizarda. A doação me possibilitou ter uma nova vida, poder acompanhar o crescimento da minha filha, desenvolver diversas atividades, como dança de salão, e até participar de provas de corrida”, contou.
Neide destacou o quanto é difícil aguardar na fila, por não ter certeza de que receberá um órgão. “Foram três anos de muito sofrimento, angústia e um exaustivo tratamento de hemodiálise”, disse ela, que hoje mostra com orgulho as medalhas que conquistou na “Corrida pela Vida”, promovida pela Sespa. “Deus me deu a oportunidade de viver. Então me sinto no dever de retribuir, contribuindo para a sociedade. Faço o que posso para ajudar as pessoas e a natureza”, acrescentou.
Atualmente, entre os mais de 1,4 mil pacientes que esperam por transplantes, 313 estão aptos clinicamente para receber córneas, e 185 para transplante de rim, segundo dados da CNCDO. São considerados aptos os que estão com os exames atualizados. Segundo André Luiz Rodrigues, para que a população fique mais esclarecida sobre o assunto, e aumente o número de doações, o governo do Estado está preparando uma campanha de incentivo à doação de órgãos, que deve começar no início do próximo ano.
Avanços – Atualmente, o Pará realiza transplantes de rim e córnea. De janeiro a outubro deste ano foram feitos 43 transplantes de rins e 120 de córneas. Esses números são bastante significativos se comparados a outros Estados, frisou o médico. “Ainda estamos aquém de cidades do sul do país. Um dos fatores que contribuem para isso é a tradição dessas cidades na realização dos procedimentos. Nós somos relativamente novos”, informou. O primeiro transplante realizado em Belém foi em maio de 1999.
Sobre o número de doações, André Luiz Rodrigues informou que “o Pará é líder em relação a outros Estados da Região Norte”. O Distrito Federal, por exemplo, tem o maior percentual de potenciais doadores de órgãos, com 73,2%, enquanto o Acre tem o menor percentual (0%). Belém possui 47 potenciais doadores, o que a credencia como maior referência de doadores do norte do país. Entre outros fatores, destacou o médico, essa liderança se deve principalmente ao fato de haver muitos casos de pacientes com morte encefálica, ocasionadas por acidentes com motocicletas.
Com a meta de reduzir o tempo de espera na fila, o governo o Estado já enviou ao Ministério da Saúde o pedido para recredenciamento do serviço de transplante de fígado no Hospital Ophir Loyola. O recém-inaugurado Centro Hospitalar Dr. Jean Bitar também realiza os procedimentos necessários no Ministério da Saúde para que, até 2012, seja credenciado para fazer transplante de fígado.
Qualquer pessoa pode ser um doador de órgãos. É preciso apenas informar essa decisão ao seu responsável legal. Não é necessário o registro de doador na Carteira de Identidade ou qualquer outro tipo de formalização.
Manuela Viana - Secom
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