Que presente você daria para Belém?

Na próxima quinta-feira, dia 12 de janeiro, Belém completa 396 anos. Para comemorar esta data, o DIÁRIO DO PARÁ propôs o seguinte exercício de imaginação: supomos que você pudesse dar um presente a Belém, algo que pudesse melhorar a vida de todos os seus moradores, qual seria?

Para refletir sobre a questão, convidamos algumas personalidades locais para dar o seu palpite. Ainda aproveitamos para visitar um dos cartões-postais da capital paraense, a Praça da República, no bairro da Campina, para entrevistar os visitantes sobre suas aspirações e, dessa forma, criar uma percepção de como a cidade é vista pela opinião pública.

As críticas são duras, na maioria dos depoimentos. O arquiteto Paulo Cal, por exemplo, denuncia a falta de educação da população. “O paraense é sujo. A cidade onde ele vive é suja, imunda e fedorenta”, vaticina.

A opinião é partilhada por quase todos os entrevistados. O técnico em eletrônica potiguar José Luis Magalhães, 55, que vive há aproximadamente dez anos na capital, diz que gosta de morar na cidade, mas ela precisa ser mais bem cuidada. “Faz anos que eu vivo aqui e os problemas parecem piorar”, lamenta.

Outra reclamação constante é a omissão dos governantes. O artesão Fernando Sérgio Moraes, 49, que há vinte trabalha na feira da Praça da República encravando objetos de decoração de madeira afirma que não há incentivo político para o desenvolvimento da capital. “Precisamos de melhores políticos. Não há incentivo à cultura, à arte, nem aos pequenos empresários, como eu”, opina.

Mas por mais duros que sejam os relatos, eles sempre são contrabalanceados com inúmeras declarações de amor a Belém. Como é o caso do turista espanhol Amador Carrecedo, 54. Em sua primeira visita à cidade natal da esposa, ele se declara como um “apaixonado à primeira vista”. “Sua cidade é muito charmosa, interessante, exótica. Ela já tem tudo que eu poderia desejar”.

Precisamos de melhores políticos. Não há incentivo à cultura, à arte, aos pequenos empresários, como eu. Assim fica difícil sobreviver. Não se dá oportunidade pro cara trabalhar honestamente. Eu valorizaria mais o trabalho do artista, do artesão, pois nós ajudamos a criar a identidade do povo paraense. Se ninguém preservar esses saberes, um pouco de nós mesmos pode sumir junto com eles” Fernando Sérgio Moraes, 49, artesão.

Dava uma torta na cara do prefeito. A cidade é muito suja, falta segurança. ‘Tô’ aqui sentado (na Praça da República), mas de olho pra ver se não chega nenhum vagabundo por perto. A cidade é bonita, boa para morar, mas ‘tá’ maltratada a bichinha. Faz anos que eu vivo aqui e os problemas parecem piorar. É ruim, mas é divertido morar em Belém.

José Luis Magalhães, 55, técnico em eletrônica, natural de Natal (RN).

O meu presente é o seguinte: um curso geral obrigatório de educação para todos os paraenses. O paraense é sujo. A cidade onde ele vive é suja, imunda e fedorenta. E a maior responsabilidade disso é a falta de educação do povo daqui que emporcalha tudo. Então, eu sugiro um curso para aprender que não devemos jogar lixo do chão, que não devemos produzir sujeira indiscriminadamente. Não adianta culpar os políticos, devemos assumir a responsabilidade de que não sabemos nos portar de forma civilizada. Paulo Cal, arquiteto e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA).

O que eu vou oferecer é algo bem subjetivo: eu queria é mais união. É quase uma unanimidade de todas as pessoas que vêm de fora de que Belém é uma cidade interessante, de que tem um monte de coisa nova rolando. Mas as pessoas daqui não se mobilizam. Só ficam reclamando, esperando que caia do céu a solução. Ou da mão do governo. Pode ter o melhor prefeito, mas se a gente não tiver iniciativa e ficar dependendo do aval ou ajuda dos outros, vamos sempre ficar pra trás. Queria que nós superássemos nossas diferenças e estabelecêssemos um plano conjunto para a vida cultural da cidade, para a administração pública, enfim, para tudo. Fernando Segtowick, diretor e roteirista (“Dezembro” e “Matinta”).

Bons governantes e mais investimento para ver se conseguíamos ajeitar de vez não só a cidade, mas o Estado todo. Um exemplo é aqui, a praça (da República). Só olhar para ver como está descuidada. Não tem mais grama, as pessoas fazem suas necessidades nos coretos e nas árvores. À noite é perigoso andar por aqui, fica cheio de drogados. E isso porque é um dos cartões-postais da cidade. Imagine o resto”. Clenilson Lopes, 31, atendente
Eu daria um pouco mais de paciência para os motoristas. As pessoas não se respeitam no trânsito. Sou caminhoneiro na Espanha e percebi que os motoristas aqui são muito estressados, não respeitam os pedestres. De resto, sua cidade é muito charmosa, interessante, exótica. Ela já tem tudo que eu poderia desejar”. Amador Carracedo, 54, turista espanhol. (Diário do Pará)

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