Em 160 anos do jornal, ex-repórter é a primeira mulher nomeada editora executiva do "New York Times"

Jill Abramson, uma ex-repórter investigativa e chefe da sucursal em Washington do “New York Times”, se tornará a editora executiva do jornal, sucedendo Bill Keller, que deixará o cargo para escrever para o jornal em tempo integral.
Como editora gerente desde 2003, Abramson era uma das duas principais pessoas responsáveis pela supervisão de toda a redação. Sua nomeação foi anunciada na quinta-feira (02) por Arthur Sulzberger Jr., o publisher do jornal e presidente da “The New York Times Company”.
Abramson, 57 anos, disse que, como nova-iorquina nascida e criada na cidade, ela considerou ser nomeada editora do “Times” como “ascender ao Valhalla”.
“Na minha casa enquanto eu crescia, o ‘Times’ substituía a religião”, ela disse. “Se o ‘Times’ disse, então era a verdade absoluta.”
A nomeação foi acompanhada por outra mudança proeminente no comando do ‘Times’. Dean Baquet, 54 anos, o chefe da sucursal de Washington, se tornará o novo editor gerente, marcando a primeira vez em oito anos em que ocorre mudança nos cargos mais altos da redação. Ele já foi editor do “The Los Angeles Times”.
As nomeações entram em vigor em 6 de setembro. John M. Geddes, 59 anos, manterá seu cargo como editor gerente para operações de notícias.
Keller, 62 anos, que comandou a redação por oito anos de grande distinção jornalística, mas também de queda na receita e cortes por toda a indústria, disse que com uma combinação formidável pronta para sucedê-lo, ele sente que é um bom momento para deixar o cargo.
“Jill e Dean juntos formam uma equipe poderosa”, ele disse. “Jill tem sido minha parceira na manutenção da força do ‘Times’ durante anos tumultuados. Como sua mão direita ela terá alguém que dirigiu um grande jornal americano, e o dirigiu durante tempos difíceis. Essa é uma experiência valiosa de se ter.”
Sulzberger disse que aceitou a saída de Keller “com emoções ambíguas”.
“Ele tem sido meu parceiro nos últimos oito anos”, disse Sulzberger em uma entrevista, acrescentando que a decisão de sair foi totalmente de Keller. “Ele tem sido um parceiro excelente. E crescemos juntos. Se é onde se encontra seu coração e sua mente, então é preciso apoiar isso.”
Abramson será a primeira mulher a assumir o cargo de editora nos 160 anos do jornal. “É significativo para mim”, ela disse sobre a distinção, acrescentando: “Você se apoia nos ombros daqueles que vieram antes de você, e eu não poderia ficar mais orgulhosa do que me apoiar nos ombros de Bill”.
Sua escolha marcou uma ruptura para o “Times”, uma instituição que historicamente escolhia editores executivos que ascenderam nas fileiras por meio de postos em sucursais no exterior e na gestão de editorias como Internacional ou Cotidiano.
Abramson chegou ao “Times” em 1997, vinda do “The Wall Street Journal”, onde foi vice-chefe de sucursal e repórter investigativa por nove anos. Ela ascendeu rapidamente no “Times”, se transformando em editora em Washington em 1999 e depois chefe da sucursal em 2000.
“Sem dúvida, Jill é a melhor pessoa para suceder Bill no papel de editora executiva”, disse Sulzberger. “Uma exímia repórter e editora, Jill é a escolha perfeita para liderar a próxima fase da evolução do ‘Times’ em uma organização de notícias multiplataforma, profundamente comprometida com a excelência jornalística. Ela já comprovou seus ótimos instintos com sua escolha de Dean Baquet como editor gerente.”
Keller a convidou para ser sua editora gerente em 2003, quando formou uma equipe que ele esperava que restauraria a confiança no jornal, após o escândalo de plágio de Jayson Blair. Abramson fazia parte do grupo de editores que entrou em choque com Howell Raines, o editor executivo que foi forçado a sair após a revelação da fraude de Blair.
Abramson deixou temporariamente seus deveres cotidianos como editora gerente no ano passado, para ajudar a dirigir as operações online do “Times”, algo que ela pediu para fazer para que pudesse desenvolver uma maior experiência direta na integração das equipes do jornal impresso e do digital.
A carreira de Baquet incluiu postos como repórter e editor em alguns dos maiores jornais do país, incluindo “The Chicago Tribune” e “The Times-Picayune” em Nova Orleans. Ele foi editor nacional do “The New York Times” antes de sair para se tornar editor gerente do “The Los Angeles Times” em 2000. Ele se tornou editor do jornal em 2005, mas saiu em 2006 após seus esforços para impedir maiores cortes na redação terem estremecido sua relação com os proprietários do jornal.
Logo após deixar Los Angeles, “The New York Times” o nomeou como chefe da sucursal em Washington. Em seu novo cargo, ele disse, ele trabalhará estreitamente com os editores do jornal.
“A forma como vejo o cargo é como o de um presidente do conselho para os chefes dos departamentos, trabalhando com eles para moldar as notícias”, disse Baquet. “Eu planejo passar muito tempo na redação.”
Baquet, que era visto como principal rival de Abramson para o cargo de editor executivo, disse que manteve um relacionamento colaborativo com a nova editora, não um competitivo.
“Jill exerceu um grande papel na minha volta ao jornal, após minha saída sem cerimônia do ‘Los Angeles Times’”, ele disse. “Eu sempre achei que essa coisa de competição era muito exagerada. Também era uma narrativa fácil. Nos últimos quatro anos, ela foi minha chefe. E é minha amiga. É claro que podemos trabalhar juntos.”
Quanto aos planos de Keller, ele disse que ainda está acertando os detalhes a respeito da coluna que escreverá para a nova seção de opinião dos domingos, que ele lançará no final deste mês. Mas ele descartou um projeto. “Eu não vou escrever um livro sobre o ‘New York Times’”, ele disse.

Tradução: George El Khouri Andolfato
Fonte: The New York Times

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