O aposentado - que já foi radialista e técnico em eletrônica - garante que tudo começou como uma brincadeira, sem qualquer ligação com religiosidade. Ele e um amigo de infância fizeram um juramento na juventude. Quem morresse primeiro ganharia o caixão do outro.

- Depois que saí do hospital, tentei devolver o caixão, mas a funerária não aceitou. Acabei guardando-o em casa e dormindo nele de vez em quando, de brincadeira. Cinco anos depois, meu amigo morreu ´de verdade´. Mandei um caixão novo para ele e fiquei com o velho.
Desde então, Rosse dorme na urna. Mas só às sextas-feiras, dia que não foi escolhido por acaso. Foi quando o amigo dele foi assassinado a facadas, depois de ser confundido com outra pessoa.
- Mantenho esse costume há 23 anos. É um lugar bom para eu meditar, fazer minhas orações e pensar na vida. Quando não posso passar a noite de sexta nele, não consigo dormir.
A mulher do aposentado, a dona de casa Cleusa Pereira Rosse, de 56 anos, é quem fecha o caixão para o marido. Ela revela que nunca teve medo, mas admite que sempre achou a atitude esquisita.
- Tampo o caixão à meia-noite de sexta e abro às 6 horas de sábado. Um dia, por estar passando mal, perdi a hora e acordei com o Zeli gritando, às 6h30. Ele queria tomar café.
O estudante Otávio Martins Rosse, de 13 anos, mora com o avô e acha o hábito ´interessante´, mas revela que a maioria dos amigos da rua não vai à casa da família.
- Eles têm medo do ´Zé do Caixão´. Acham que vão encontrar assombração aqui.
Apesar disso, o adolescente diz que ficou orgulhoso quando a escola onde estuda levou a turma da 3ª série para conhecer o avô e ouvir sua história, em fevereiro deste ano.
- Foi divertido. Precisava ver a cara de espanto dos alunos. Meu avô é um mito.
Na rua, as opiniões sobre o morador excêntrico se dividem. O ajudante de bombeiro Wilson Araújo da Silva, de 30 anos, vive ao lado da casa de ´Zé do Caixão´ desde a infância, mas só depois de adulto soube do costume do vizinho.
- Caixão é pra gente morta. Não gosto nem de pensar nisso. Fico assombrado demais.
O ajudante de pedreiro Valdeci Gomes Barbosa, de 44 anos, é outro morador da rua São Salvador que vive ´cismado´ com o hábito do aposentado.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pela visita, volte sempre!
Ajude-nos a divulgar o Açai Azedo.